m/f

J- pois não sei, vejo-te todos os dias chegar a casa cansada.
A- e então? estou a trabalhar. trabalhar cansa.
J- hmmm...
A- hmmm o quê? duvidas que esteja a trabalhar?
J- não duvido que estejas a trabalhar em alguma altura do teu dia.
A- isso quer dizer o quê?
J- quer dizer exactamente isso.
A- ai a merda.. estás a insinuar o quê, diz lá?
J- estou a insinuar que vens demasiado cansada para o trabalho que tens.
A- sabes lá tu o trabalho que eu tenho? o que é que tu sabes do meu trabalho?
J- sei que trabalhas à secretária. e vens geralmente a querer sentar-te "urgentemente" depois de fazeres uma viagem de 10 minutos de carro. sentada outra vez.
A- olha, é assim: o meu trabalho cansa-me, cansa-me a cabeça, quando venho para casa o trânsito cansa-me, e quando chego a casa tu cansas-me. preciso de descansar. se estás a insinuar alguma coisa para além deste encadeamento lógico de acontecimentos diz já ou deixa-me descansar em paz.
J- estou a insinuar que acho estranho que uma vez por semana chegues a casa às 11 da noite, de vez em quando chegas de madrugada. já chegaste às 5, e de manhã estavas a voltar para lá ainda não eram 8. mas os restantes dias da semana chegas a casa às 6 da tarde, como se todo o trabalho do teu escritório te caísse em cima apenas um dia por semana. e o que eu ando desconfiado é que não é bem o trabalho que te cai em cima uma vez por semana.
A- tás parvo??
J- não, não estou parvo, estou farto. estou farto de andar a fingir que não percebo que vens a cheirar a latex e a perfume de gajo e a álcool. estou farto de ignorar as vezes que ligo para lá à tua procura e ninguém atende, porque obviamente, às 10 da noite não está ninguém a trabalhar!
A- a cheirar a quê? tu és doido? já te disse que se atender o telefone arrisco-me a que seja mais trabalho e venho ainda mais tarde para casa!
J- ah, exacto e também tiras o som do telemóvel para não te desconcentrar, tal a pressa que tens em vir para casa.
A- isso é porque tenho reuniões durante o dia e esqueço-me de voltar a pôr o som!
J- sempre?! sempre que ficas lá até tarde tens reuniões durante o dia e esqueces-te de voltar a pôr o som no telemóvel?! a sério, deves achar que eu fiz uma lobotomia em vez de uma endoscopia.
A- quem me dera estar a foder em vez de estar a trabalhar! contigo ou com outro gajo qualquer, era-me indiferente! é isso que queres ouvir?
J- não. quero que admitas que não estás a trabalhar, se calhar estás a fazer outra coisa qualquer que não a foder. num grupo de alcoólicos anónimos, numa festa a encher balões, não sei. a trabalhar não estás.
A- nao estou?! ahah ok! se o omnisciente da aldeia diz que eu não estou a trabalhar se calhar estou enganada e os meus patrões também. se calhar é porque tu não trabalhas que tens a mania que os outros também não fazem nada da vida deles, eu não fico em casa o dia todo a coçar o rabo, para eu trabalhar tenho que sair de casa! e às vezes tenho que ficar lá até tarde!
J- em primeiro lugar, se eu não ficar em casa a limpar esta merda toda, a lavar a tua roupa, a passá-la a ferro, a ir comprar o teu jantar e a fazê-lo, passas a ser a robinson crusoe lá do teu escritório, assumimos que isto ia ser assim e é de um baixo nível atroz que me atires isso agora à cara. não tenho culpa que ainda não tenhamos conseguido engravidar, sabes bem que eu fiquei em casa com objectivos bem definidos. em segundo lugar, e antes que te enterres mais, ontem passei no teu escritório à meia noite, e o segurança disse-me que não estava lá ninguém desde as 7 da tarde.. vim para casa e estive o resto da noite a chorar à tua espera. quando tu chegaste, às 4!! eu ainda estava acordado. pronto, a conversa começa agora!
......
A- andas a seguir-me?
..
J- vais virar isto ao contrário? não percebeste? eu fui lá! sei que tu não estavas lá! ainda no início desta conversa me estiveste candidamente a explicar que estiveste lá a noite toda e que mandaram vir umas pizzas. porque até ao final preferia não acreditar no óbvio, podias ter ido trabalhar para o jardim, não sei. nesse caso seria injusto acusar-te por um mal-entendido, só querias contacto com a natureza!
.....
A- estavas a manipular-me no início da conversa?!
J- epá desiste! pára! ainda não entendeste?? estás a tentar ter razão nesta altura?!
.....
.....
J- queres dizer-me alguma coisa agora?
.....
A- é preciso?
J- é.
.....
A- não é fácil..
J- faz um esforço, eu também tenho feito.
.....
....
A- tenho um caso com a tua mãe.
J- hã??!
A- tinha um caso com o teu pai, mas depois percebi que era lésbica.
J- vai à merda!
A- vai tu à merda. estou farta desta conversa. acabou.
J- acabou?? tás-te a passar! que explicação é que tens para o que eu te acabei de dizer?!
A- não tenho explicação nenhuma, há coisas inexplicáveis.
J- aaaaaahh!! que raiva! és tão puta! não penses que te vais escapar desta conversa assim! abre a porta! abre a porta já andreia cristina!

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