- afinal o que é isto que nós temos?
- isto o quê?
- isto, sei lá, também não sei..
a expressão dela passou de sensata a insegura, arrependida de ter falado no assunto.
- Sarita, já falámos disto, eu não quero uma relação agora, pensei que estávamos na mesma onda. também não quero que estejas à espera de outra coisa e te magoes.
- sim, mas eu concordo contigo, foi o que eu pensei! só queria uma confirmação.
- ok. ainda bem, porque gosto disto, da nossa despreocupação.
- eu também. assim como estamos. no strings attached.
- óptimo.
- só precisava de ter a certeza disso, quer dizer, já estamos nisto há umas semanas.
- ...
- mas não que isso seja um problema, só perguntei porque queria definir isto. agora já está. está tudo bem :)
- definir? ahah, mas o que eu não quero é precisamente uma definição disto, tonta.
- sim, é isso, indefinição, também é isso que eu quero ahah. expressei-me mal.
abusei um bocado no tom e até na lógica, tenho tendência para isso quando estou em modo solteiro, o ego e o propósito anulam-me as réstias de humanidade e conduzo a auto-estima dos outros no fio da navalha. até posso corrigir a mão se não correr bem, mas despreocupado com o resultado. perco o medo de desiludir.
- o que vais fazer hoje depois do trabalho?
- não sei.
- queres passar cá?
- não sei, eu logo te aviso, mas hoje à noite queria tratar do IRS.
- não trataste a semana passada?
- não, o Pedro ligou-me, enfim, acabei por fazer outras coisas.
- e não podes tratar aqui?
- Sara, vá lá. eu aviso-te.
- está bem. diz qualquer coisa, posso passar no supermercado a comprar coentros e faço um mega spaghetti gamberetti! abrimos um vinho e tal.. ou uns martinis com romã. hum!
- ok Sara. se der eu aviso.
40 comentários:
Não comento sob pena de ser proibida de cá tornar.
força Filipa, dá-me a mão, comentamos juntos.
Ui ui, alguém anda a esticar uma corda e a coisa a correr-lhe de feição (por conseguinte).
Se não a queres magoar salta já fora.
Eu passei por isso estes dois meses, e um de nós magoou-se!
Ela já está interessada em ti de uma forma que tu não estás.
Beijinhos
José, ninguém procura por indefinições, pá. Faz parte, saber a nomenclatura da coisa, seja ela qual for. As pessoas não são máquinas e nunca se tem a perfeita noção dos limites no que aos relacionamentos diz respeito, por muito que se diga que sim.
É notória a necessidade da tua amiga definir (não só entre os dois, mas sobretudo para ela) o que vos une como também a vontade de seres tu a chegares-te à frente.
Se faz parte de ti não magoares outrém, mais tarde ou mais cedo vais ter de o fazer. Se é para magoar, que seja rápido. Diz que custa menos.
Tá muito sério, pois tá?
Até estranho. Não estou habituada a ser assim tão responsável.
eu gosto dos vossos comentários, apesar de parecerem um bocado daquelas pessoas que falam com a televisão.
a definição faz parte a partir de certo momento. esse momento varia de umas pessoas para as outras (de homens para mulheres?), acho que é só isso.
Sempre achei curiosa essa cena do agora não quero uma relação, agora já quero, ai que não estou preparado para isto, ai que não estou para aquilo.
A sério. Mal os saldos acabem, vou fazer um exaustivo estudo acerca disto.
O que eu acho (mas isto sou eu, novata nestas andanças) é que as relações não precisam de ter todas a mesma carga. A tua disponibilidade mostra zero interesse no avançar do vosso business. A dela mostra justamente o inverso.
...
...
Percebes como falta aqui acção?
os homens saídos de uma relação só querem outra quando há a hipótese de vir a não ter qualquer voto na matéria. isto não é um grande segredo.
e continuas a explicar o argumento ao argumentista. a sara é alguém mas são todas as mulheres que me passaram pelas mãos (epá, que espectáculo de expressão saloia, eu estava a escrevê-la e a topá-la, e deixei-me ir).
My friend, os homens saídos de uma relação são tão parvos como os outros.
A tua despreocupação não é a dela.
Ou acompanhando a soloíce, não é a delas, vá.
eu sei, fui eu que escrevi e aparentemente não correu mal.
A escrita nunca te corre mal, ó José. O resto é que pronto.
ó Filipa, o que eu digo não se escreve e o que eu escrevo não se faz.
Definir pode ser apenas verbalizar que o que se passa é que partilham momentos enquanto for bom, se for. Alguns homens parece que já vêm formatados e não entendem que uma gaja possa querer falar sobre as coisas. Também não entendem quando ela quer experimentar e ver o que acontece, sem fazer grandes ondas.
Carolina
Elas também não entendem o que é óbvio - muitas vezes por opção, note-se.
Carolina
Ahh, mas eu já tinha percebido isso, Zézinho. Eu até nem era para comentar, pá. Era para ficar aqui, absolutamente deliciada com o facto de iniciares as frases com minúsculas e assim, só naquela. Tu é que insististe em dar-me a mão.
Homens!
Este também é incompreendido. :) Estou deliciada com o fenómeno, confesso.
A mim parecia-me por demais óbvio que no dia em que lhe dissesses que sim, que era boa ideia definir a coisa, que ela perdia 87% do interesse em ti. Porque 39% é curiosidade e 48% é birra do "mas porque é que não posso ter??". Somos todos assim, carago.
Mas eu fui criada por mastins, não devo ser tida em conta.
É uma palavra que vem do grego, acho que das tragédias. A cena da purgação e assim.
Não conheço nenhuma mulher que queira algo indefinido. Nós, gostamos de dar nomes às coisas e o nome indefinição não é propriamente um nome. Muito menos um que se queira.
Tu gostas de o chamar assim, mas o que se vê, daqui muito ao de longe e sem ler nada que escreveste para trás, é que existe um relacionamento.
Chama-lhe amizade colorida, chama-lhe namorada, chama-lhe o que quiseres, mas o facto (e tens de admitir isso!!) é que o vosso relacionamento tem um nome (vês? já lhe dei o nome: relacionamento)
E homem, dar nomes às coisas não é colocar-te uma trela!!! :D:D
Estás com medo de quê?
neste momento só estou com medo da quantidade de mulheres que se juntou nesta caixa de comentários para maldizer o meu boneco.
até juntei ali em baixo um coisinho de seguidores (vendi-me), porque que o gráfico de visitantes indicava uma taquicardia, e em tempos de crise internacionaliza-se à primeira oportunidade.
Pois é, Josélito, coisas há, para além da mais básica de todas que é a de definir cenas, que são comuns a todas as mulheres.
Dizem, que eu cá não sei de nada.
Já posso DESlargar?
Pronto, vá lá... eu sigo ;)
tanto comentário para dar trela a mais um dos gajos que fazem parte de um monte de polpa de tomate, porque foram esmagados em pequeninos pelas mães. As mãezinhas, e Deus que me perdoe pq eu também sou uma são umas castradoras. São as únicas mulheres a quem os Homens se ligam emocionalmente, depois há uma única, vá talvez duas gajas mais nas suas vidas que lhes deram a volta à mioleira, mas só porque não quiseram mais nada ou mesmo nada com eles. Essas serão as "tais" até ao fim das suas tristes e "meaningless" vidas. Mas como gostam muito de pôr a piloca a arejar andam aí a comer umas e outras para exercitar aquele pequeno músculo "cheio" de virilidade... Eu tenho uma teoria, de cada vez que perdem uns ml de espermatozóides perdem muitos neurónios. Que tristes! O meu filho não será assim...e não vai precisar de ser gay!
Marta
O comentário da Marta faz-me rir. Isso em parte é verdade, mas é só uma fase, na maior parte dos casos passa com a idade. O que quer dizer que os miolos não saem pela pilinha. às tantas a testosterona é que vai atrofiando... bom, depende...
marta, toda a gente generaliza o personagem masculino do texto, tu és a única que absorve todo o sofrimento de qualquer personagem feminino.
admira-me contudo o tom em que comentas o meu blog. é que tu és das poucas pessoas que já me viu ao vivo, não sei se te pisei ou se te despisei, mas foi sem querer. não que não goste dos teus comentários, só me admiram.
eu conseguia fazer uma bela história entre nós os dois só aqui na caixa de comentários. vou tentar.
está doido, este zé...já te vi ao vivo???!!! Não estou a ver como?
Zés há muitos e martas também...
cumps
Marta
ah então está bem, é que como vens do blog da marta e assinas como marta pensei que eras a marta.
Qual é o blogue a que te referes o vazio? Mas conheces-me? Não estou a ver de onde? Deixa cá ver és arquitecto e trabalhaste para o regino? Mas neste caso serias casado e com 2 filhos e assim terias uma imaginação verdadeiramente fértil, meu caro.
marta f
Cá estamos, algumas de nós, Saras, na tentativa patética de apanhar o vento ao mesmo tempo que fingimos que gostamos dele assim, indomável, fugidio.
Ai o que nós gostamos de segurança, definições, certezas, "strings attached",poder dizer "o meu gajo", quando afinal e muito simplesmente bastar-nos-ia dizer um "fuck you very much".
ahaah gostei da definição "saras" e da definição de fingimento de gostar de alguém fugidio. Acontece que isso é um sentimento que também pode ser uma arma de dois bicos.Eles também sofrem desse problema. O amor ideal é sempre aquele que nunca poderá ser vivido, logo nunca se desgastará, caras saras
marta f
Marta:
Nas últimas 3 semanas andei numa montanha russa, morri e renasci todos os dias e, não estou de acordo: o amor ideal pode ser vivido. Bem ainda não sei como vai acabar a "estória". Acho é tivemos sorte e somos românticos.
Montanha russa sem cinto de segurança.
Upgrade: pode o verdadeiro amor durar ou perecer? Quando duas pessoas com uma gigantesca ambição em relação ao amor se encontram, tipo, não fazer a coisa por menos, só a inteligência e a imaginação podem salvar a coisa. Uma visão em 3d, com corte e secção incluído e que não seja crua, que não extinga a chama da beleza e do desejo que pode nascer e tem que renascer todos os dias. Só estão dispostas a isso as pessoas que não fazem as coisas por menos..
marta, esquece, ainda bem que não te lembras. admito que não foi memorável.
Antes de começar a escrever o que quer que seja, aviso já que a minha praia é o desenho e não sou nada boa com as palavras!
Mas este post é 'giro'. Encontrei agora o blog, ao acaso, e o que é certo é que me revejo no post mas na pele do homem. No entanto, não posso deixar de 'defender' um bocadinho as mulheres, como mulher que sou.
Todos nós temos a necessidade de criar rótulos e etiquetas sobre a nossa posição nos relacionamentos (entre muitas outras coisas) e acho que o problema é mesmo esse, focalizarmo-nos no rótulo e não no momento em si. As mulheres têm mais essa tendência porque precisam de arrumar tudo nos seus cérebros trabalhadores e stressantes com etiquetas bonitas ou gavetinhas coloridas para não baralhar muito o sistema. Um bocadinho à modo pinterest.
Já fui assim, confesso. Mas há uns belos anos que me deixei de etiquetas. Viver o momento, o presente e o que vier logo se verá, é muito, mas muito melhor.
À parte disso, adorei o blog. Ainda não tive oportunidade de ler tudo, mas vou lendo assim como se fosse a Vogue em versão masculina.
P.S. devia haver a possibilidade de comentar com desenhos ou rascunhos mal feitos, é que fazia muito melhor figura!
- Dee
essa comparação com pinterest foi bastante feliz. isso explica que 80% dos seus utilizadores sejam mulheres.
o desenho é uma das minhas praias, pensei que ia encontrá-los em barda no teu blog, mas já percebi que é recente.
Boas. Revejo-me na figura da mulher que necessita de definições e rótulos a partir de determinado momento, mesmo que seja um rótulo do meu desagrado. Partilho um que criei para poder classificar o raio de interacção que tive com determinada pessoa, apesar de ter sido eu a parte que "sofreu" um bocadinho.
Rótulo:
Ooaaah (bocejo), i'm boring, hoje não tenho mesmo nada que fazer.
olha, estás aqui, deixa-me aproveitar.
não dizes nada de jeito pá, deixa-me cá tapar-te a boca com a minha para disfarçar.
vá, adeuzinho e não me incomodes nos próximos anos.
Cumps.
esse rótulo só existe na adolescência, em idade adulta o amor é bem mais bonito e eterno.
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