início constante de um nada

do meu lado esquerdo amontoam-se ameijoas mortas. do meu lado direito estás tu a sorver avidamente umas cascas vazias e a sorrir como se finalmente tivesses atingido o topo da vida, e esse nirvana é apenas isso, sorver o molho de cascas de ameijoas com coentros e deitá-las num balde de plástico Olá que aqui serve de lixo. a minha imperial está a ter um orgasmo neste copo baço de gelo estriado por estradas brilhantes de gotas que descem até encontrar os meus dedos. a tua barriga dourada está de anúncio para mulheres de 30 anos, parece que engoliste uma bola de praia. o sal no meu cabelo faz-me comichão mas fica bonito, fica bem com a cor do meu peito salgado e dos meus calções de ganga que me imploras para pôr a lavar há umas semanas. a menina do balcão fez-me olhinhos. ah fez? é porque viu a minha barriga, já sabes, babamo-nos por papás. pois, foi o que eu pensei. pensei também que adoro o barulho das havaianas a bater no azulejo branco de uma tasca de aldeia à beira mar ao fim da tarde. adoro saber-te por perto sem te ver, numa terra desconhecida, afastar-me e voltar para ver-te falar com indígenas. adoro ver-te falar ao longe, chego a demorar o meu regresso para apreciar. fazes festas na barriga com a ponta dos dedos. trago um gelado para o henrique, ele vai adorar, o líquido amniótico a cheirar a Epá. oh, queria pastilha de morango, isto é o quê? não sei, cor de laranja, realmente é uma incógnita. parvo, eu não gosto de laranja, vai pedir de morango. e eu vou. o verão é um fim de tarde fervente, um início de noite combinada, uma paternidade emergente, uma nudez descomplexada. regula-me o humor para o modo de festa, de início constante de alguma coisa que nunca acaba, o sol é realmente o meu Epá com pastilha de laranja. desculpa, de morango. outra decisão complexa é a que horas ir ao supermercado que fecha às 20, quando o sol ainda brilha alto. esquece, vamos comer uma pizza a Pedralva para o iniciar nos prazeres do campo. a cerveja é sem álcool, mas as pernas com areia.

9 comentários:

Marta disse...

Henrique?! Escolhe outro esse já é meu filho...tantos nomes! Escolhe outro! Bolas.

marta

disse...

pois, percebeste agora o meu comentário? o meu filho já era henrique antes de eu nascer, talvez o convenças a mudar de nome daqui a uns anos.

Marta disse...

hã! O teu filho já era Henrique antes de TU nasceres? Olha lá faltaste às aulas de ciências ou de biologia no básico?
Há qualquer coisa que não bate certo!

disse...

isto já está tudo escrito marta. já aconteceu antes. isto é tudo um remake.

Marta disse...

Deixa ver se eu percebo... O teu filho já existe fora da barriga da mãe, muito antes de tu teres "nascido" como "persona" ou "personagem" deste blogue. Assim já percebo. Outras questões mais transcendentes extrapolam os meus conhecimentos.

Courage my love disse...

Eu ia dizer qualquer coisa como lindo menino, vais buscar os epás necessários até sair a pastilha da cor que a mãe do teu filho quiser,mesmo que passado 5 min possa ser uma diferente, mas depois percebi pelos comentários que era um post sobre reincarnação transcendental bio-energética índigo e não percebo patavina disso.

disse...

não. era um fait-divers para a marta não me obrigar a mudar o nome do miúdo tão em cima do acontecimento. podes dizer, vá.

Marta disse...

Macaco de imitação!
Mas desejo à mãe do Henrique que irá nascer uma hora mais pequena do que a que eu tive...
E que o pai do Henrique II esteja presenta na sala de parto e vá almofadado. As dores costumam revelar instintos agressivos.Outra sugestão, não digas à "pobre da mãe que está a parir" que respire correctamente. Não costuma dar bom resultado.

disse...

já hoje em dia evito falar demasiado com ela, fará no dia do parto.