ainda me hás-de explicar essa história

não foi nada de especial. um dia estávamos todos na esplanada da praia e ela tirou os chinelos e meteu os pés em cima dos meus. por baixo da mesa, nenhum de vocês percebeu. e pronto, percebi ou convenci-me que não ardia mesmo nada entre vocês os dois.

mas foi só isso a vossa relação? pés em cima dos teus na esplanada?

hã? tás-totó? achas que sim?

ah.. ok. mas estávamos sempre todos juntos, então?

então nada. fomos combinando. passava às vezes em casa dela à noite depois de me despedir de vocês, às vezes íamos só tomar um copo. à vossa frente eram os preliminares, em toques fortuitos planeados e indirectas privadas, até foi engraçado. isto durou no máximo uns 15 dias, depois ela começou a querer casar e eu saltei do barco. foi aí que ela te contou.

és mesmo um cabrão. mas ela não tinha um namorado? uma vez apresentou-me um gajo, eu costumava vê-lo à espera dela à porta do IADE, sempre de fato, andava num Saab descapotável?

não, isso era um gajo que andava a pairar. uma vez estávamos a combinar por mensagem, era tardíssimo, ela disse que não estava em casa mas que estava a chegar, para eu ir lá ter. cheguei, esperei uns 10 minutos, e estava encostado ao carro, aquele meu AX de 100 contos, a fumar um cigarro quando ela chegou de Saab, despediu-se do rapaz com dois beijos e veio ter comigo. estava longe, não percebi quem ele era, mas reparei que ficou a vê-la caminhar até mim e dar-me um grande beijo na boca. entretanto arrancou. quando lhe perguntei quem era o gajo, ela explicou-me que era um amigo, e que naquela noite tinha sido muito querido, levou-a a jantar a Sintra, e depois a um bar cromíssimo e que gastou uns 60 contos com ela naquela noite, ficou emocionada, mas era só amigo.

foda-se!

pois, coitado. 60 contos era quanto eu ganhava por mês na altura. eu costumava levá-la às rulotes do elefante azul, lembras-te? no Catalazete?

ahah

Sem comentários: