na tentativa inusitada de explicar ao revisor do eléctrico a razão de não ter bilhete, sem querer, escapou-se-me um foda-se.
"modere a linguagem" disse ele "não vê que estão aqui senhoras?"
"senhoras?" disse eu "também há aqui senhores, esses preocupam-no menos?" claramente preocupavam muito menos, senão não teria perdido os primeiros 15 minutos da viagem numa conversa de cortesia com as duas vistosas senhoras que viajavam dois bancos à minha frente, e que durou exactamente o tempo de eu desfazer completamente nas mãos o meu bilhete "eu já lhe expliquei, quando o vi entrar tirei o bilhete do bolso. você demorou, eu estava distraído e fui fazendo este rolinho com o bilhete."
"não goze comigo, isto não é bilhete nenhum, não tem nada aqui impresso, quer que eu acredite que isto é um bilhete?"
"ouça, repare nos meus dedos.. estão completamente pintados de preto. é a tinta do bilhete, que saiu toda."
"portanto, você tem os dedos sujos e por isso eu não o devo multar, é isso?"
"não, você não me deve multar porque eu comprei bilhete."
"e onde é que está o bilhete!!? irra!"
não me contive "modere a linguagem...."
ele não se conteve. tirou-me o bilhete das mãos, agarrou-me pelos cabelos e atirou-me para fora do eléctrico, para me estatelar de cara no chão aos pés das pessoas que se encontravam na paragem do eléctrico.
"ahah" gritei vencedor enquanto cuspia uma beata pisada "enganei-o, isso não é um bilhete! é uma senha da Loja do Cidadão!"
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